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segunda-feira, 4 de abril de 2011

Quer ficar bonita meu bem? Sofra!

Por Renata

Hoje amanheci inspirada em dissertar sobre os inúmeros métodos a que nós, moçoilas, nos submetemos para ficarmos belas e apetitosas!

Acho justo começar pelo mais comum, e criticado, método: a depilação! 

Começo lembrando da carinha sádica da minha depiladora (que também faz limpeza de pele, tira sobrancelha e faz bronzeamento artificial). Ela se diverte com o contato quente da cera na sua pobre panturrilha, ela ri de gozo imenso quando você se retrai inteira na maca, ela ama botar a vítima na posição frango assado e depilar até o duodeno.

Mente quem diz que a depilação cava-funda, ou depilação brasileira (aquela que do umbigo ao cócci tira tuso que há) dói. As terminações nervosas específicas dos folículos capilares praticamente sofrem suicídio coletivo após umas 5 puxadas de pêlos na perna, os terminais de Ruffini deixam de sentir o calor da cêra em poucos minutos, os corpúsculos de Paccini sentem ainda o contato pesado da mão da algoz, mas já nem se importam, bem como os discos de Merkel, as terminações nervosas livres entram em colapso de tanto sofrimento e param de enviar mensagens dolorosas ao cérebro. 


Em resumo, entramos em estado semi-vegetativo e paramos de associar todas as dores. Na hora que chega no orifício de origem blastoporal já estamos em estado de torpor profundo. 

Depois de tamanho sofrimento vem uma borrifadinha de alguma coisa mentolada pra sentirmos menos ardência e um talquinho para não ficarmos cheias de petéquias (isso nem adianta pra mim...)

Mas os processos de embelezamento ainda incluem outras coisinhas, cito agora a pop retirada de sobrancelha. Não sei dissertar muito sobre o assunto pois nunca tive coragem de tirar a minha (e modéstia parte nem precisa, ela é até comportada), mas sempre nasce um pelinho ou outro fora do eixo e eu tiro na pinça de boa. Mas há quem não suporte! Eu tenho uma amiga que chora compulsivamente enquanto a megera esteticista tira pêlo por pêlo da testa da sujeitinha.


Não, a primeira limpeza de pele é inesquecível! Essa merece louvores! Você se deita na maca aconchegante, a moça passa um monte de creminho, coloca sua carinha linda num negócio que libera vaporzinho quente, passa mais creminho, massageia, faz carinho... E de repente a bondosa moça se torna uma bruxa má que espreme toda sua carinha, e torce seu nariz, sua orelha, e espreme, e enfia ferrinhos, e coloca uns instrumentos que parecem de fazer escultura em argila, e espreme, e espreme, e seus olhos enchem-se de lágrimas, e mais espremida, e cutuca, e ferro, e espreme, e esfrega gase, e não bastando te enche de choques após a sessão espreme-espreme. Sim minha gente, CHOQUE. Uma maquininha que libera malvados raios que dão desumanos choques na nossa delicada cútis! Eu tenho certeza que esse aparelinho era utilizado no DOI-Codi com os piores subversivos.

Pronto, é hora de se aconchegar no lavatório de cabelo. Xampu cheiroso, creme cheiroso, a cabelereira corta o que tem que cortar e você inocente como um bezerro acha que a parte do cabelo é a mais agradável de todo o processo. Risadas maléficas saem do secador de cabelo, sorrateiramente a cabelereira pega na gaveta de torturas uma escova que carrega em si todas as dores do mundo (aposto que a caixa de Pandora era uma escova e não uma caixa inocente). E puuuuuuuuuuxa pescoço, dá tranco, distende músculo, torcicolo, arranca cabelo, esquenta orelha, esquenta olho, esquenta testa. Tenho certeza que o inferno se baseou na escova para torturar os condenados.

Mas nada é tão ruim que se baste num salão de beleza. Chegou a hora de fazer unha, e perder litros de sangue com uma cutícula mal cortada, cutucadas de pauzinho de laranjeira nos cantinhos da sua pobre unha, acetona no machucado, ferrinho pra afastar resíduos de pele que Deus com certeza tinha o propósito de deixá-los ali.

Garotas, salão é uma vez por mês e olha lá. Duro mesmo é ir pra academia toda semana. 
Puxa ferro, empurra ferro, pedala, anda, corre, pula, abdominal, suor, dores, sede, dor no pulmão, músculos beirando o colapso, cãibra, dor durante o exercício, dor depois, bunda tão dolorida quanto quanto levar injeção, braços dormentes de tanta dor, pernas que falham após exercícios desumanos. Uma tragédia! A impressão do ''day after'' é que um caminhão carregado de chumbo passou em cima de você... três vezes preservando a cabeça para você sentir conscientemente todas as dores.

E a pior parte da tortura?
a) você não tem um namorado para elogiar o resultado de tamanho sofrimento
b) seu namorado não nota
c) seu namorado nem checa
d) o namorado nem foi te ver
e) o namorado ainda critica algo que não foi trabalhado (você esqueceu de passar minutos sapecando horrores para descolorir os pêlos da barriga)

Fonte: Renatismo

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Autor Lilian Schineider | Contato lischineider@hotmail.com - almeida.lilian@hotmail.com | @LiSchineider