Fonte: Shvoong
Características determinantes para o casamento
Por Nina Luz
Ela é caseira, recatada no modo de vestir e falar, inteligente, carinhosa e tem um grande senso materno. A dona das virtudes é a estudante Gemima, 19, e quem lista as qualidades é o noivo dela, o professor de educação física Franklin Suzart, 28. Ele define com essas palavras os motivos que o levaram a pedir a garota em casamento.
A lista de Franklin pode ser uma resposta ao questionamento levantado no livro Por que os homens se casam com algumas mulheres e não com outras?, de John T. Molloy. O trabalho é resultado de uma pesquisa realizada nos Estados Unidos, na qual foram entrevistadas 2.543 mulheres e os respectivos noivos, às vésperas do casamento. Também foram consultadas 221 mulheres na faixa dos 30 anos e outras 463 na faixa dos 40, sem perspectivas de casamento.
Logo no início da publicação, o autor demonstra que as mulheres que chegam ao altar são aquelas que insistem no casamento, ou seja, buscam isso como parte de sua vida. Diz ainda que as mulheres que se casam são muito menos propensas a perder tempo em relacionamentos sem futuro e gostam mais de si do que de qualquer homem. Também as magras e que freqüentam salão de beleza têm mais chances de chegar ao altar.
As respostas apresentadas na pesquisa mostram também que os homens não se unem a mulheres que a família deles não aprova. E escolhem para esposa aquela que tanto os familiares quanto os amigos admiram, a que deixa sempre uma boa impressão, fala baixo, não dá gargalhadas em público, não usa roupas espalhafatosas, tem o mesmo nível socioeconômico e é realizada, segura e talentosa.
Noivo de Gemima há um ano, Franklin acha que os resultados da pesquisa são verdadeiros, e diz que detalhes como esses – que, às vezes, passam em branco – contam, sim, para a decisão do casamento.
Contrariando a idéia de que a palavra casamento espanta os garotos e desfaz relações, o professor garante que o dele acontecerá ainda este ano: “Prefiro assumir algo mais sério”. Ele, que já teve um relacionamento e é pai de Bia, 3 anos, afirma ter atingido a “idade do compromisso” – segundo a maioria dos homens, ela começa aos 23 anos.
Diferentemente do que indica o livro, o sentimento de Franklin não teve influência de terceiros. Apesar de ter amigos que estão casados, isso não o fez se sentir pressionado a assumir a condição de homem comprometido.
Escolha subjetiva
Ainda que a literatura aponte uma série de motivos que levam um homem a se casar com uma mulher e não com outra, isso não corresponde a uma verdade absoluta. A escolha é sempre subjetiva e relacionada às referências de cada um. “Homens que tiveram amas de leite ou mães gordas, sempre escolhem para esposa mulheres mais rechonchudas”, exemplifica a terapeuta de família e casal Maria Alexandrina dos Santos, do Centro de Estudos e Terapia do Imbuí (Cetim).
Ela salienta que ter a escolhida aceita pela família é um conforto, embora essa aprovação tenha tido maior importância no passado, quando havia o ritual para pedir a mão da moça em casamento.
Hoje, mais determinante que questões deste tipo é a condição financeira. Muitos homens chegam à idade do compromisso e não se sentem mais à vontade no ambiente de paqueras, porém, temem não ter fôlego para arcar com as despesas de uma casa.
Aliado a isso, a terapeuta afirma ainda que, antes, os homens tinham pressa em casar para ter direito à vida sexual com a mulher amada. Atualmente, os casais têm mais liberdade dentro da casa dos pais, dormem juntos e iniciam o contato sexual cada vez mais cedo.
Alexandrina acredita que amigos que se casam ou ficam noivos acabam influenciando outros, sim. Eles fazem parte do mesmo grupo social e querem ser aceitos e fazer programas juntos. “Quando um quebra a barreira, os outros pensam: ‘se ele conseguiu, eu também posso’”.
Um dado apontado pelo livro e confirmado pela terapeuta é que os casamentos que duram mais são aqueles em que o homem escolhe a esposa pelas semelhanças e não pelas diferenças. Quando existe identidade, há tolerância para lidar com os erros e perdoá-los, além de confiança e abertura para o diálogo. Dessa forma, um cede para o outro sem achar que está perdendo ou sendo submisso.
“Ela não engole sapos”
Dois fatores que pesaram para que o administrador de empresa Paulo Teixeira pedisse Daniele em casamento foi o nível cultural e a personalidade forte dela. Isso demonstra que, na prática, nem tudo acontece como no livro e que os fatores que definem o casamento para os americanos não são os mesmos observados na Bahia, por exemplo.
“A questão cultural é importante, porque estar com uma pessoa com nível mais baixo dificulta a conversa, não se tem assunto. Além disso, o que mais me atrai em Daniele é o gênio forte dela, que não engole sapo e não fica calada quando algo lhe desagrada”, comenta.
Como fatores complementares, Paulo vê como ideal na noiva o fato de ela trabalhar, ser discreta no modo de se vestir e comunicativa sem ser escandalosa.
O livro de John T. Molloy cita que os homens não se casam com mulheres que a família não elogia. Isso não foi problema no caso de Paulo, mas ele acredita que, se acontecesse, acabaria seguindo a própria intuição. A família não teve participação na decisão do noivado. Namorada há sete anos, Daniele demorou a conhecer os familiares do namorado. Ele, por sua vez, ainda não conhece o pai dela.
Leitura para curiosos
O livro de John T. Molloy pode ser divertido, mas não há regras que determinem o futuro das relações amorosas.
As conclusões sobre casamento apontadas por John T. Molloy parecem óbvias demais para o leitor. Embora o autor diga na introdução que o livro não representa “um conjunto de regras sobre como manipular um homem para levá-lo ao altar”, é exatamente assim que soa.
A publicação propõe que as mulheres assumam certas posturas que podem ajudar a convencer o companheiro quanto à troca de alianças. Ao final de cada capítulo, essas orientações aparecem em forma de resumo, como em uma cartilha.
Há dois pontos, porém, que precisam ser levados em consideração por quem lê Por que os homens se casam com algumas mulheres e não com outras?. Em primeiro lugar, os entrevistados pertencem a uma cultura diferente da brasileira. Diferente em tudo, desde a paquera até a convivência no dia-a-dia.
Em segundo, a relação amorosa não é um contrato comercial padrão. Cada casal tem a sua história e seria equivocado tomar como regra soluções utilizadas não se sabe em quais circunstâncias e em que grau de intimidade entre as partes.
A leitura pode ser divertida, mas, ao final do último capítulo, fica a sensação de que a conclusão é o que já se sabe, e que a leitura do livro pode ser feita para matar a curiosidade. E só.
Tipo casadouro
A maioria dos homens nem pensa em se casar antes de atingir a idade do compromisso. Para 80% dos homens de nível superior, a época do compromisso começa aos 23 anos
Entre os profissionais liberais – médicos, advogados e afins –, a época mais favorável ao compromisso vai dos 33 aos 36 anos de idade
Depois dos 37, 38 anos de idade, as chances de um homem assumir compromisso diminuem
Para a maioria dos homens, aproveitar a vida de solteiro é um rito de passagem. Eles nem cogitarão se casar até estarem trabalhando e vivendo como adultos independentes há vários anos
Os homens ficam mais propensos a se casar quando deixam de se sentir à vontade no circuito dos solteiros
Homens cujos pais se divorciaram quando eles eram jovens geralmente são refratários ao casamento
Homens sempre se casam com mulheres cuja formação –r eligiosa, política, moral – e nível socioeconômico são compatíveis com os seus.
Homens que têm amigos e irmãos casados são mais propensos a se casar
Um homem de mais de 40 anos que já foi casado é mais propenso a se casar do que um da mesma faixa-etária que nunca foi casado
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